A Águia-caçadeira, também conhecida como tartaranhão-caçador (Circus pygargus), é uma das aves em maior declínio da fauna terrestre nacional, muito devido à substituição da cultura cerealífera de trigo e aveia por prados permanentes, cujo corte se faz mais cedo coincidindo com o período de nidificação desta espécie e que pode causar a perda de ovos, crias e por vezes adultos também.
Com o objetivo de promover a conservação da espécie, o Clube de Produtores Continente, a ANPOC, o BIOPOLIS/CIBIO e a Palombar, com a colaboração do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, juntaram-se num projeto – Searas com biodiversidade: salvemos a Águia-caçadeira – que pretende valorizar o contributo das searas nacionais para a promoção de biodiversidade de aves, incluindo a de espécies ameaçadas como a Águia-caçadeira.
Os agricultores e proprietários de terrenos estão a ajudar ativamente na identificação das colónias destas aves, enviando ao BIOPOLIS/CIBIO e ao ICNF informações sobre os avistamentos das águias, o número de animais e, sempre que possível, o sexo dos mesmos, além de implementarem voluntariamente medidas de proteção dos ninhos e crias (delimitando o espaço em que estes se encontram, para que não haja atividade de máquinas agrícolas e instalando proteções anti-predadores, por exemplo).
Esta parceria, que teve início em 2021, vai avançar agora para um projeto de dois anos promovendo o cultivo de trigo e de outros cereais para grão para fomento da biodiversidade ornitológica; e, em paralelo, sensibilizar as comunidades rurais para a importância deste grupo faunístico.
O projeto inclui:
O recenseamento nacional da população da Águia-caçadeira, coordenada pelo BIOPOLIS/CIBIO e Palombar;
A promoção de ações de salvamento da Águia-caçadeira em áreas de produção cerealífera (trigo, centeio, aveia, etc.), coordenada pelo BIOPOLIS/CIBIO e Palombar;
A compreensão da problemática de conservação da espécie no contexto de pastagens permanentes e cultivo de cereais para grão, coordenada pelo BIOPOLIS/CIBIO e Palombar;
A caracterização da avifauna dependente das searas ao longo do ciclo agrícola, coordenada pelo BIOPOLIS/CIBIO e Palombar;
A divulgação e expansão da “Rede de proprietários Amigos da Águia-caçadeira”, coordenada pela ANPOC e Palombar, com o apoio do BIOPOLIS/CIBIO;
A promoção de ações de educação e sensibilização para diferentes grupos específicos, coordenada pela ANPOC e Palombar, do BIOPOLIS/CIBIO;
E o desenvolvimento e disseminação de uma campanha de marketing direcionada a consumidores, coordenada pelo Clube de Produtores Continente.
A Águia-caçadeira é a mais pequena das águias europeias e só está presente em território nacional de meados de março a setembro, migrando depois para África. Em Portugal, está classificada como ‘em Perigo de extinção’.
As águias-caçadeiras alimentam-se sobretudo de insetos, mas também passeriformes, répteis e pequenos mamíferos, principalmente ratos. A sua distribuição é maior nas planícies alentejanas, frequentando terrenos abertos com poucas árvores, nomeadamente áreas coincidentes culturas cerealíferas.